Sobre dormir na rede, façanha inaugurada nesta semana e prolongada neste exato momento, na sonequinha da tarde.
Com esse vento que faz as janelas assoviarem, é uma delícia dormir de rede. Para quem é cearense, não abre mão do costume e ainda por cima cresceu em meio a teares, cheiro de cloro e de tinta para colorir tecidos de rede, manter esse apego é redundante.
Mas como a ideia não é só manter, mas passar para a frente o costume, vale o registro. A rede foi presente da Inês, é branca e tem varanda de croché com desenhos de coelhinhos. Pela primeira vez foi armada no quarto do príncipe. Antes tínhamos tentado na sala, mas era vento demais e esqueci que, quando sou eu que fico na nossa inevitável rede da sala, fico me tremendo de frio.
Agora, de camisetinha, meia, luvas e uma fraldinha pra cobrir as perninhas, o bebê está adorando a dormida. Já se mexeu, ameaçou acordar antes da hora, mas está lá, sendo embalado pelo ventinho que vem lá da Praia do Futuro só pra balançar o cabelinho arrepiado do príncipe.
O pai gosta de deitar na rede, dobrar as pernas e colocar o nenem sentado e apoiado sobre elas. Ele gosta, porque fica olhando os pezinhos, mexendo os braços e querendo falar com o pai. Muito fofo.
A mãe gostava de, depois de amamentar, colocar o bebê no ombro e deixá-lo dormir, ele por cima de mim, na rede. Mas depois do último domingo não tenho mais coragem. Fiz isso, dormi e o bebê caiu no chão. Não vou me prolongar sobre o tema, porque não me faz bem lembrar. O importante é que não aconteceu nada, o príncipe está bem, não ficou sonolento, não vomitou, chorou até menos do que no dia anterior, quando a perninha estava dolorida devido à vacina tríplice (tomou também da pólio e da rotavírus). Na hora, meu mundo caiu também, quis me desesperar, mas sabia que o mais importante era proteger o nenem. Ficamos aflitos demais, mas, como já disse, está tudo bem. Ligamos pro médico, que nos orientou e, de certa forma, também nos acalmou.
Nunca mais isso vai acontecer. Nunca.
Pois bem.
Agora é redobrar o cuidado e (não consigo evitar) de cinco em cinco minutos ir olhar o lindo deitadinho, dormindo um soninho bom que só, daqueles que eu e o pai sempre tirávamos no sábado à tarde. Por falar em pai, ele também está lá, tirando o cochilo dele, mas na cama. Sim, olho os dois nos quartos, porque agora tenho dois meninos pra cuidar. Ainda bem...
Uma breve divagação
Há um ano
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