domingo, 23 de outubro de 2016

Linhas

De vez em quando me lembro desse cantinho. Menos do que deveria. Acho que mais do que planejava depois de tanto tempo sem dar as caras. A dualidade pode ter uma explicação: ficar sem escrever não é fácil pra mim. Talvez contribua para a minha saúde, até.

Por isso eis-me aqui novamente. Tenho pensado em mudanças, em vontade de voltar a postar, em questionar muitos temas relacionados à maternidade, a mim.

Os meninos têm crescido tão rápido. Um com 6. Outro com quase 5. Dois rapazinhos. Quando comecei a pensar em blog eles eram um plano, depois viraram um sonho, uma espera real e, agora, são a minha vida inteira, de todos os lados, sob quaisquer conceitos e a despeito de qualquer teoria que eu tinha ou lia sobre ser mãe.

Creio que voltarei com mais frequência. Mas não pra usar esse espaço como diário - as redes sociais estão aí para brincar de álbum de figurinha e pra mostrar que nem tudo precisa ou deve ser exposto. Mas muito pode e carece ser discutido. Por isso estou aqui.

Vamos ver no que dá. Venham-me as letras, as dúvidas, os afagos que a escrita traz e as questões lançadas pelas palavras, essas poderosas e irregulares linhas cujo tecer tem vida própria.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Olaria

Ando refletindo muito sobre a maternidade. Não só a minha, mas a que me cercou na infância, a que me escapou e a que estou construindo. Os processos são bem distintos, mas os olhares se misturam e muitas vezes se confundem.

De tudo que penso, do que falo e do que não tenho consciência, há algo muito forte: sou outra. Totalmente outra. Não só há cinco anos, quando de fato fui mãe. Também não quando ouvi o coraçãozinho do Isaac pela primeira vez, com seis semanas de gestação. Sou outra desde uns dois anos antes de engravidar o Isaac. Três, quase.

A maternidade começou com um sonho. Ou como um sonho. À medida que foi tornando-se realidade, fui sendo transformada, quase moldada como um vaso nas mãos do oleiro. As arestas ainda estão sendo aparadas, não há forma, a cor ainda está pra ser definida.

Só espero - e desejo - que as mãos do ceramista sejam complacentes, ternas, mas firmes. Se o vaso quebrar, que ele não desista; que não faça remendos, mas um vaso novo; que não seja como eu quero, mas como eu preciso ser.

Assim, Deus, quero ser usada e construída.



 

domingo, 30 de novembro de 2014

Nas camadas superiores da atmosfera

Não me dei ao trabalho de contar quanto tempo faz que não escrevo aqui. Nos últimos tempos até vim para tentar algo, mas não lembrava a senha. Mas aí minha memória resolveu colaborar. Hoje. Agora, em pleno domingo de trabalho.

Do que mudou dos primeiros 2 anos do Isaac e meses iniciais do João é que a vida está mais corrida do que nunca. Só falto ficar doida às vezes. Muitas vezes.

João fez 3 anos nesse mês, já está na escola, é dengoso, não para e fala pelos cotovelos - embora nem tudo a gente entenda. Isaac faz 5 em fevereiro, está com o braço engessado, muitas vezes parece mais calmo do que o João e cada vez mais se mostra um companheiro de luta. E haja luta.

Acho que vou voltar mais por aqui, mas não quero me comprometer.

De todo modo, no momento por que passo agora, escrever parece ser um alento, um barco ou mesmo uma nuvem em dia bem claro.

Capaz de nos entendermos bem. Eu e o blog. Capaz de mudar as cores, os ares, as palavras e os rumos, mas o nome permanece. Isso está certo.

No mais, vou deixar correr. Mesmo trabalhando, sei que o dia está lindo hoje e tem um bocado de nuvem lá fora.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Eventos

Foi só o Isaac voltar pra escola que as benditas gripes apareceram. Também, a gente chega lá é menino tossindo, professora. É vírus demais, Brasil. Na semana que antecedeu o Carnaval ele ficou em casa. Estava bem, mas se recuperando, então acho melhor não arriscar. Se estiver tossindo, espirrando, qualquer coisa assim, nariz escorrendo, fica em casa. Isso é lei. Penso nele, lógico, e na raiva que tenho quando vejo crianças assim na escola, contaminando as outras a torto e a direito.

Pois hoje, depois de vários dias em casa, o Isaac voltou pra escola, bem do jeitinho dele: equilibrando um carrinho debaixo do braço, agarrado com o paninho e arrastando a mochila. E agora ainda pede a bênção...

A gente achava que ele ia dar trabalho, chorar. Que nada! Tomou o leite quase todo, pegou suas coisinhas. Só quis dar trabalho na hora de vestir a roupa, porque queria porque queria que o pai fizesse o trabalho. Mas acabou se conformando comigo.

E foi lindo, choramingando, mas foi. Assim que deixou o pequeno, o Edson ligou dizendo que ele não tinha chorado, só ficado meio desconfiado. E desceu com carrinho, paninho, mochila, tudo. Dia desses a escola mandou recado que não era pra criança ir com brinquedo, a não ser na sexta-feira, que é o senhor Dia do Brinquedo. Pois bem. Quero ver é o sono (ressaca pós-carnaval) quando chegar em casa.

A propósito, hoje é dia de vacina do João. A segunda dose da meningite. Até agora ele tomou todas na clínica, mas essa vamos dar no posto. Economia e também pra ganhar aquele livrinho joia do Ministério da Saúde. E que também o evento seja sem muito choro. Choramingar pode.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ciúmes de você

Ontem o Isaac teve sua primeira manifestação de ciúmes pelo irmão. Veja bem: não do irmão, mas pelo irmão.

Chegou uma candidata a secretária aqui em casa, também ontem, que foi logo querendo se entrosar com os meninos. Fez gracinha com o Isaac, que não gostou muito, pegou o João no colo.

Opa!

SIm, pegou o João no colo enquanto eu dava o banho que ela não conseguiu dar no Isaac. Pois de dentro do box ele balançava a cabeça, dizia não, não, não e fazia gestos pra ela soltar o nenem. Sinceramente, me surpreendi. Não sei se deveria ficar surpresa, mas o fato é que fiquei.

Aí me lembrei do que uma amiga que é mãe de dois meninos já me disse mais de uma vez. "Eles vão ser amigos, o Isaac vai proteger o João". Pois num é que é mesmo, Paola? Vi isso pela primeira vez e achei a coisa mais linda.

Nâo pela posse, porque eu mesma insisto que não sou ciumenta, mas pelo senso de proteção, de cuidado. E isso o pai deles sempre me disse, desde que nos conhecemos: amar é cuidar. Pois então o Isaac já quer cuidar do João. E eu deixo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

É Carnaval...

Há dois anos, numa sexta de Carnaval, eu via pela primeira vez meu príncipe Isaac. Tanta luta, tanta espera pra tudo mudar em um segundo. Foi na hora daquele choro forte que minha vida mudou. Não foi antes, não foi com a barriga, não foi com a batalha. Aliás, nãofoi só com isso.

O que fez mudar mesmo foi o momento em que ele enconstou o rostinho no meu e imediatamente o choro parou. Ainda todo sujinho, sem saber onde estava, de alguma forma ele me reconheceu como mãe. Foiali que lhe dei a primeira bênção. Foi ali que comecei a me transformar em mãe.

E hoje, esse tempo depois, me vejo com outro bebezinho em casa. Mais um Carnaval em meio a sono interrompido na melhor hora, a choros indecifráveis, a dúvidas, mas também com aquela segurança que nasceu naquele 12 de fevereiro.

Certamente foi o Carnaval mais animado que tivemos: sem dormir direito, sem comer, acordados direto... E a ressaca? Pense...

Mas uma coisa é certa: não trocaria essa minha festa por todas a que já fui. Não deixaria de me apegar ao chorinho insistente ao invés de aos melhores frevos do Alceu Valença. Não trocaria as infinitas mamadeiras e mamadas por qualquer copo de energia passageira. O que eu quero é essa folia infinita, essa alegria que contagia a alma, que enche o coração e o faz transbordar.

Isso eu já tenho. Graças a Deus.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

2 anos

Mesmo com um bebê de três meses, sem babá, sem empregada e, pra completar, com uma febre maluca no sábado, o aniversário do Isaac não poderia passar em branco. Até pensei em desistir, mas como no domingo ele amanheceu bem melhor e só quem vinha era família, a festinha foi mantida. E foi linda!

O Thomas estava em tudo: nos copos, no bolo, nos doces. Que ninguém me pergunte como consegui fazer tudo só saindo de casa um diazinho apenas (uma semana antes do dia) pra comprar as coisas. Fiz tudo por telefone, e-mail. Mas fiz. Na minha situação, o mais fácil seria deixar pra lá. Mas não. Tenho muitos motivos pra comemorar esses últimos dois anos, a vida do meu filho, a mudança que ele trouxe pra gente.

Nunca minha casa foi tão bagunçada. Nunca aqui se viu tanto movimento, tanto entra e sai, tanta gente falando alto. Nunca dei tanto grito (para, não faz isso, solta, desce daí). Mas também uma coisa é certa: nunca houve tanta felicidade por metro quadrado nesse lugar. Cada centimetrozinho é preenchido com uma risada, um abraço inesperado, um beijo estalado, uma palavra que ninguém entende, um gesto que a gente entende tão bem.

E mesmo com o cansaço, com a paciência no limite muitas vezes e com as unhas e o cabelo sempre por fazer, esses têm sido os melhores anos das nossas vidas. Em menos de três anos tive duas gestações, dois garotinhos lindos e descobri um pai que poderia muito bem ter o sobrenome Faz Tudo. Se não fosse ele, não sei o que seria de mim, da gente, dessa vida louca que a gente está construindo.

E é por isso que todos os dias agradeço a Deus pelo que me cerca e peço proteção pra mim, pra eles. E que seja assim em todos os nossos dias. Que sejam os mais vibrantes, oa mais cheios de vida, intensos, os mais alegres que ainda não vivemos.