sexta-feira, 3 de abril de 2015

Olaria

Ando refletindo muito sobre a maternidade. Não só a minha, mas a que me cercou na infância, a que me escapou e a que estou construindo. Os processos são bem distintos, mas os olhares se misturam e muitas vezes se confundem.

De tudo que penso, do que falo e do que não tenho consciência, há algo muito forte: sou outra. Totalmente outra. Não só há cinco anos, quando de fato fui mãe. Também não quando ouvi o coraçãozinho do Isaac pela primeira vez, com seis semanas de gestação. Sou outra desde uns dois anos antes de engravidar o Isaac. Três, quase.

A maternidade começou com um sonho. Ou como um sonho. À medida que foi tornando-se realidade, fui sendo transformada, quase moldada como um vaso nas mãos do oleiro. As arestas ainda estão sendo aparadas, não há forma, a cor ainda está pra ser definida.

Só espero - e desejo - que as mãos do ceramista sejam complacentes, ternas, mas firmes. Se o vaso quebrar, que ele não desista; que não faça remendos, mas um vaso novo; que não seja como eu quero, mas como eu preciso ser.

Assim, Deus, quero ser usada e construída.



 

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