Como de costume nos mesversários do Isaac, amanheci cantando os parabéns pra ele e pedindo pra Deus abençoar cada vez mais a vida do meu filho, pra preparar um caminho lindo pra ele, cuidar de cada passinho, de cada conquista. Também como de costume, não comprei presente. Não material. Mas quer coisa mais poderosa do que a oração de uma mãe? Seja de alegria ou entre lágrimas, tenho certeza de que Deus ouve o nosso clamor. Não de forma especial, afinal todas somos iguais, independente do pedido, do agradecimento, mas que Ele ouve, ouve.
Pois bem. Ontem, no dia em que meu pitoquinho fez nove meses, fomos à consulta de rotina. Papai não conseguiu sair do trabalho a tempo, mas mesmo assim ficamos felizes porque só tivemos notícias boas. Engraçado foi que uma mãe que estava no consultório e o Dr. Moacir fizeram o mesmo comentário: "esse menino tem temanho de um ano". Opa! Tem coisa pra deixar uma mãe mais feliz? Dr. só fez uma ressalva: tirar os amarelos da alimentação do bebê, porque ele está não só com mãozinhas e pezinhos amarelinhos, mas até o nariz! Também... Mamão todo dia, cenoura, jerimum... Hoje mesmo já tirei o meio mamão da manhã e dei só banana com leite. E peito.
Mas voltando aos presentes... Ontem também teve presente pra mim. Depois de um ano e meio, a monstra voltou. Assim, do nada. Foi no trabalho. Minha primeira e mais forte reação foi de tristeza. É como se meu corpo dissesse que agora entro em uma outra fase da maternidade, que meu bebê não é mais uma extensão do meu corpo, que finalmente cortaram o cordão umbilical.
Besteira ou não, fantasia ou paranoia, foi isso que senti e continuo sentindo. Será que meu corpo está dizendo?: "seu filho não precisa mais do seu corpo, mas dos seus cuidados".
Não!
E agora será que o leite vai secar?
Não!!!
Acho que ainda não é a hora de romper. Na verdade, espero que essa hora nunca chegue, mas também que eu esteja preparada - ou vá me prepararando - para desatar aos poucos esses lacinhos que nos unem e, depois, fazer calma e firmemente um laço só, bem grande e forte. Esse, sim, nada nem ninguém vai desfazer.
Filho, mesmo assim, agora fisicamente pronta pra começar tudo de novo, deixo um recado pra você, curtinho mesmo: com ou sem laço, independente de quantos milagrinhos virão e quando virão, você sempre vai ser o meu coração que bate fora do meu corpo, mas que continua me dando vida. Sim, você é que me dá vida, meu amor, que me deu à luz.
Uma breve divagação
Há um ano
Rapaz, as mães de tão apaixonadas que são, às vezes, parecem burras. Meus pais tem 83 (mãe) e 82 anos (pai). Já eu, nem vou dizer a idade para não chocar os mais sensíveis. Outro dia, no aniversário dele, após receber o meu presente, ele disse: "meu Deus, minha filha, eu não acredito em como você é boa para mim. E justo você, para quem eu não fiz, nem dei nada." Eu respondi rindo: nada papai? O senhor ajudou a Deus a me dar a vida, trabalhou para eu comer e estudar, modificou completamente a sua vida para que a minha tivesse sentido. Precisa me dar mais alguma coisa? Creio que não. Ele marejou os olhos e ficou ora entendendo e orgulhoso do que havia feito, ora sem entender nada do que eu estava dizendo. Pois então Martinha é isso aí. Não há nada neste mundo - que sejam mais mil milagrinhos que nasçam de você, que seja sua menstruação, que seja qualquer outra coisa - que consiga separar você do Isaac. Do momento em que ele foi gerado e durante toda a vida dele na terra, há muito, muito de você nele: o leite, o sangue, as células, no meio de todo o resto. Como é que se consegue separar uma mãe de um filho? Só se você descobriu uma fórmula nova e está escondendo. Se for isso, então, vende a fórmula que não só tu fica rica como ainda ajuda os amigos, como eu.
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