terça-feira, 26 de abril de 2011

O sentido das não-palavras

Tem gente que se descobre melhor pelas palavras. Há palavras que nos descobrem também, outras que nos confortam, muitas que revelam, outras que mais escondem ao mesmo tempo em que revelam nossos sentidos.

Mas nem sempre precisamos delas.

Meu pitoquinho, por exemplo, mal fala. Diz uns "mamãs" por aí, algo que parece "esse", "abi", "dá", "dê". Mas ele nem precisa das palavras pra me falar ao coração. Nossa linguagem é outra, atravessa o entendimento convencional, nos leva a algo próximo do que se espera ser a compreensão plena do amor.

Ele não precisa esticar os braços pra eu saber que quer colo, não precisa esfregar os olhos pra dizer que está com sono, nem se esticar para ir ao chão em sinal de querer brincar. São seus olhinhos que me antecipam qualquer desejo.

Mas às vezes sou traída. Da melhor forma, registre-se. É quando ele me vem com uma surpresa pra demonstrar carinho e quase dizer "que bom que tenho você". Ele brinca, brinca, cansa, fica suado e de repente chega perto, encosta o rosto em mim (na perna, no braço, em qualquer canto) e sai. É sua melhor maneira de dizer, de novo, "que bom que tenho você". E sem qualquer palavra.

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