sábado, 26 de fevereiro de 2011

E que venham mais dias férteis

Hoje o dia começou com oração. Se Deus quiser, esse vai ser o último procedimento pelo qual passa uma amiga do coração. As perspectivas são as melhores. Embriões de ótima qualidade, maturados por mais tempo e uma fé que ultrapassa qualquer entendimento, mesmo da ciência.

Coincidência ou não, exatamente agora ela mandou mensagem dizendo que já está no quarto. Tudo correu bem.

Se Deus quiser - e Ele quer, tenho certeza - daqui a umas semanas teremos uma alegria bem grande, um positivo pra gente chamar de nosso. Sim, porque esse tratamento é esperado por várias pessoas. Queremos ver a turminha crescer a cada ano. Já são cinco os milagrinhos. Vamos ver se passaremos direto pra nove. Será?

Deus queira que sim.

Amém.

* Hoje cedo fui ao médico. Sim, está tudo bem. O final de semana vai ser de muito trabalho. O melhor, diga-se de passagem.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tudo pronto

Ou quase. Falta só completar o quesito roupas para o dia. Estou falando, e pela primeira vez bem claramente, do aniversário do meu bebê. Sim, ele fez um ano dia 12 de fevereiro e alguém acha que eu não iria comemorar?

Não sou muito afeita a festas, mas essa não passaria em branco. Não mesmo. Quero cores, todas possíveis. Nada de ostentação - tenho certeza de que ninguém espera isso da gente. Mas não podemos deixar de cantar os parabéns com a família, alguns amigos e, principalmente, com as pessoas que de fato participaram desse um ano, desde a expectativa da gravidez ao corre-corre dos primeiros meses e às descobertas de todos os dias.

Sim, a gente comemora toda hora a presença do Isaac na nossa vida. Mas queremos celebrar o milagrinho que todos os dias renasce pra gente e pra vida. Claro que não dá pra chamar todo mundo. Claro que estebeleci alguns critérios. Só preciso dizer que a palavra é participação. Longe ou perto, acho que algumas pessoas de fato participaram desse um ano com a gente e ajudaram no aprendizado, nas dúvidas, nas descobertas, nas risadas sem número, nos dengos, nas preocupações e mesmo nos momentos em que era preciso sermos apenas nós três. Digo eu, o Edson e o Isaac.

Adorei preparar tudo, mesmo que na correria - do mesmo jeito do meu casamento. Estava tudo certo pra ser em casa. Mas fiquei sem babá ainda em dezembro e, portanto, sem tempo para organizar uma festinha em casa, do jeito que eu queria. Já tinha até comprado umas coisas, porque queria tudo com a nossa cara, mas tive que dar pra trás.

Acabei optando pelo tradicional. E acertei. Aliás, vou ter certeza no dia, quando meu bebê estiver todo feliz olhando tudo, querendo pegar tudo, encantado com as cores, os balões, as crianças, com tanta gente de quem ele gosta por perto.

Dizia sempre que as festas tradicionais eram impessoais. Mas não. As pessoas não são as mesmas, a alegria é única. Com todo o amor que coloquei na preparação, tenho certeza de que meu aniversariante vai entender, nem que seja depois, que tudo foi feito pensando nele, que é o centro da nossa vida.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Demorou

Na verdade, eu nem tinha essas agonias todas. Mas o Edson todo dia falava que o bebê não tinha um dente. Pois, papai, pode engolir suas palavras (depois de mastigar bem): o primeiro dentinho do bebê apareceu ontem, três dias depois de ele fazer um aninho.

Ora, que graça tem nascer com seis, sete meses, igual ao que acontece com a maioria dos bebês? Com ele tinha que ser diferente. Assim marca mais - embora de um jeito ou de outro a gente não fosse esquecer mesmo.

É em baixo, no meio da gengiva, mais pro lado direito dele. Bem branquinho. E acho que já, já aparece outro, outro e outro.

E todo mundo dizia que, quando demorava, o sofrimento era menor. Febre ele não teve, mas essa madrugada aconteceu algo inédito. Ele acordou, eu coloquei no meu braço e ele fez aquele barulho de quem vai vomitar. Aí o sentei no meu colo e ele colocou um pouco da comida pra fora. Aparei com a fralda, e ele nem chorou. Só ficou mais molinho ainda e banhado de suor. Aquele suor frio. Acho que da dor, do esforço pra vomitar, do incômodo, do sono.

Ô, meu bombomzinho...

O episódio se repetiu, mas da segunda vez ele praticamente não colocou nada pra fora. Mas aí eu já estava dormindo no quarto dele - mamãe prevenida.

De manhã ele acordou cedo. Tirei seu pijaminha, ele ficou por ali no meu braço. Dormiu de novo. Claro que ficou em casa. Por sorte a gente já tinha combinado de Dona Zélia e Seu Edson irem lá pra casa hoje. A diferença é que foram mais cedo.

Graças a Deus a chegada do dente não tem passado de um enjoozinho mais acentuado, aquele dengo, vontade de ficar toda hora no braço, não largar a chupeta e esses vômitos.

Queria ficar com ele, mas vou ter que fazer um monte de coisa de tarde. Dar uma rodada grande. Depois digo pra quê.

Ah! Vale o registro também: ontem bebê tomou suco de uva, dado pelo papai, claro. De início, achei que o episódio da madrugada fosse algo relacionado ao suco, excesso de comida à noite. Mas não. Acho que foi o dente mesmo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Farra grande dos pequenos



É tão bom quando a gente chega pra visitar uma pessoa e tem um monte de sapato e chinelo na porta. Aqui em casa é assim. Não sei como o povo do prédio não reclama. Aqui só entra de sapato e chinelo mesmo quem faz questão de não tirar. Não peço, mas qualquer um entende. Casa que tem menino é assim, embora aqui já fosse antes. Costume da minha mãe, da minha irmã que logo trouxe pro nosso cantinho.

Pois ontem, ao chegar na casa da Hilma, abri um sorriso quando vi o tapete da entrada completamente coberto de sandálias e afins. Sinal de que as crianças podem bagunçar à vontade no chão, porque não tem bichinho da rua (pelo menos não tanto como os sapatos sujos trazem).

E assim foi. Isaac, Arthur, Isadora, Gabi e Benjamim (esse mais tímido, dados os seus seus sete meses).

E foi uma delícia!

Eu, Clécia, Ju, Mônica, Luzângela, Hilma e Érika tentamos conversar quando os meninos deixaram, mas o que mais fizemos foi correr atrás de um e de outro e rir demais das palhaçadas dos meninos.

Issac tomou a papinha de goiaba que fiz lá mesmo e ainda comeu parte da comida da Isinha. Eu falei... "Clécia, não deixa, porque se não ele come tudo!" Ora se não...

Mas ele adorou, adorou mesmo... Brincava com uma coisa, com outra, olhava uma criança, outra, não acreditava que estava no meio daquela farra da tarde...

É sempre revigorante rever as meninas, ouvir e gargalhar com as loucuras da Clécia, pegar um pouquinho da força da Ju, sentir a fé da Luzângela, a calma sem fim da Hilma, a concentração e organização da Érika e os anseios de Moniquinha. Sim, nossos meninos são uns sortudos. Esses e os que virão... E que venham muitos outros pra aumentar nossa turminha...

Só faltaram Bethânia e Katiúscia.

E, claro, os fofinhos que estão a caminho - ou quase...

Presente da tia

Esse post é um presente da minha amiga Eri, que é muito mais do que as encantadoras palavras que estão no www.diariodaeri.blogspot.com

Não tem presente pra vida toda? Pois esse é. Por isso trouxe pra cá, sem nem pedir permissão. Ora, é pro meu filho, então é pra mim também, então fica onde eu quero.

Pronto.

Sábado, 12 de fevereiro de 2011

Isaac Bruno: o primeiro ano do resto das nossas vidas

Minha família sanguínea é muito grande para os dias atuais de filhos únicos. São seis irmãos. Maior ainda tem ficado a cada pessoa que encontro, e que de tão parecida comigo e que de tão chatinha e ainda assim extremamente amada, acaba sendo anexada como parente, uma irmã mais nova talvez.

Tenho uma assim que parece ter vindo ao mundo infernizar o meu juízo, mas que existe tanto amor dentro dela que venho pagando o preço, ora sorrindo, ora gritando, só para continuar a tendo ao meu lado. Foi devido a essa caboclinha que acabei criando esse blog, após postar no blog dela.

Tem sido por ela que venho torcendo desde que a conheci. Rezando por sua felicidade, pedindo bençãos para sua família, torcendo para que tenha muito mais de mil alegrias em seu destino. Foi por ela também que há um ano rezei chorando para que seu parto fluísse, para que seu filho nascesse bem, para que seu marido fosse imensamente feliz junto a família que com ela estava criando.


O Isaac nasceu. Está fazendo seu primeiro aninho hoje.

Tem os olhos puchadinhos da mãe. O jeito sério do pai, mas é calminho como os dois. Eu já o segurei no colo, já sofri pelos três quando ele ficou doente, já vi mais de mil e quinhentas fotos que a mãe coruja mostra. Gosto dele só por ser filho de quem é.

Queria que o mundo não separasse a gente. Que a Marta continuasse como irmã, o Isaac crescesse me chamando de tia. E me sentindo assim.

Mas o importante não é oque o futuro vai nos trazer. O mais importante de tudo é que ao ver ou segurar o Isaac, sinto o milagrinho da Martinha - como ela gosta de chamar o bebê - bem pertinho de mim. Não vejo só o milagre dela, mas me sinto importante demais segurando um milagre do mundo.

A existência de uma pessoa como o Isaac desejada, gerada e criada devido aos sentimentos mais puros deste mundo, é uma prova concreta que o amor existe. E isso é um milagre de Deus.

Ora, esse século 21 é tudo tão passageiro, tudo tão fugaz, fluido, sem consistência, tudo muito nada, sem noção nenhuma, que, ao nos depararmos com provas de amor concreta como o Isaac, a gente louva. A gente vê o menino e pensa como ainda é possível ter sentimentos bonitos no universo. O amor que une um homem a uma mulher e a vida do bendito fruto deles.

Não tive um filho biológico de meu, não vou mais tê-lo também. Mas se tivesse vindo, teria que ter sido também assim. Por sentimentos maiores que o puro desejo de ser mãe. É, nunca neguei que sou romântica. E pela minha amiga eu me exponho assim, ridicularmente. Não tem problemas.

O Isaac não é um milagrinho só da Marta, por mais que ela seja ciumenta. Ele é um milagre da gente desde século 21 bendito. Ele veio para provar que tudo é possível, que as crianças ainda conseguem desmanchar as nossas caras feias e nos fazer rezar para que o futuro seja o melhor possível para eles.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Carta Nº 1

Meu amor,

não imagino outra forma de começar essa que é a primeira cartinha que
escrevo pra você. Hoje é seu primeiro aniversário. Mamãe acordou cedo,
mas saiu de casa quando você ainda estava dormindo. Pijaminha verde,
casaco azul, meia azul. Antes de sair, ainda passei a mão no seu
corpinho e você respirou mais forte, aquele suspiro que já é tão seu
quando está em sono profundo. Ajeitei seu corpo, porque a perna estava
levantada na grade do berço. Mas não botei o bubu.

Por uns segundos, ainda pensei em acordar você só pra ver esse olhinho
abrindo devagar e sorrindo pra mim. Mas não. É tão bom dormir até tarde
no sábado, ainda mais esse, com chuva. Sim, essa época tem sido de muita
chuva por aqui. Cada trovão. Mas você é tão rapazinho que nem se
assusta. Nem acorda até!

No meu e-mail, tinha uns parabéns muito especiais, do
www.babycenter.com, um site que desde antes de a gente se olhar já sabia
de você e, toda semana, me mandava mensagens dizendo como estava seu
crescimento. Foi através dele que imaginei seus bracinhos e pernas se
alongando dentro da minha barriga, seus traços tomando forma, sua
percepção do mundo aqui fora se apurando. E isso foi acompanhado de
várias idas ao médico, o Dr. Joaquim, que foi quem primeiro lhe tomou
nos braços. Ele foi tão importante nisso tudo, bebê, que um dia quero
que você diga obrigado a ele também.

Nesses parabéns do e-mail, a mensagem dizia que se eu ganhasse R$ 1,00
por cada fralda trocada, camiseta golfada e sorriso seu, poderia comprar
um arranjo de flores bem bonito.

E precisa?

Não, meu amor, não precisa.

O que quero nesse dia é só ficar do seu lado e agradecer a Deus por
esses que estão sendo os dias mais felizes da minha vida, pela sua
saúde, por papai e mamãe terem saúde pra ficar do seu lado. Sempre digo
que não sei como consegui viver tanto tempo longe de você. E não sei
mesmo. Também não consigo mais lembrar, com clareza, como era minha vida
antes. Era bom mesmo a casa tão silenciosa?

Tanta coisa me marcou nesse um ano, príncipe. Ontem mesmo estava
conversando com uma amiga e disse que tinha saudade de quando você era
bem pequenininho, quando só mamava, quando o mundo éramos praticamente
nós, na nossa casa.

Aí você foi crescendo, tendo suas descobertas, aprendendo da forma mais
natural que existe.

Hoje você já fala mamã; descobre detalhes dos objetos com seus dedidnhos curiosos; fica em pé sozinho por alguns segundos; ensaia uns passinhos solto no cercadinho; se desloca apoiado no sofá, na cama, na parede; dorme a noite toda sem precisar tomar leitinho; dorme seu soninho de manhã e à tarde; adora comer e tomar banho, mas detesta beber água; adora a Galinha Pintadinha e o Doki; troca qualquer brinquedo por um controle remoto, um celular ou pelo computador e só troca o colo da mamãe pelo do papai.

Sabe o que eu adoro em você? Depois do banho da noite, coloco a toalha no ombro, enrolo você e seu corpo fica todo grudado no meu, com a cabeça apoiada no ombro pra dormir. É aviso de que, sim, o banho foi uma delícia, relaxante e que, agora, é hora de dormir. Aí visto sua roupinha e, de novo no ombro, você se deita todinho. Só faz isso comigo, e mamãe fica toda dengosa.

Não posso deixar de registrar que, nesse um ano, nenhum dentinho deu o ar da graça ainda. Dr. Moacir diz assim pra mim: "sorte dele e sua". Dr. Moacir é seu pediatra. Ele cuida tão bem de você, bebê. Nunca errou, nunca titubeou, nunca passou um remédio sem olhar pra você. Um dia também quero que você diga obrigado a ele, viu? Nas horas de aperreio, quando você tem uma febre mais alta, uma tosse diferente, mamãe liga pra ele, que sempre atende ou retorna a ligação. E ele sempre deixa a mamãe mais tranquila pra cuidar de você. Ele é também o médico da Ana Lívia, sua prima linda e que mamãe ama muito, muito, muito, como uma filha até.

Meu bombom, agora, 16h20min, você está dormindo na sua rede, no seu quarto. A rede bem baixinha, porque se você sair não tem perigo de se machucar. Sim, filho, você já saiu da rede algumas vezes e no maior silêncio, nem a babá eletrônica avisou.

Meu amor, poderia resumir todas essas palavras dizendo simplesmente que você me apresentou um amor que não imaginava existir. SIm, a frase é clichê, mas é tão verdadeira. Como papai sempre disse pra mamãe, amar é cuidar. E é isso que fazemos com você. Nosso cuidado é todo cercado de amor, de calma, de paciência, de bênçãos do nosso Papai do Céu. É a Ele que peço sabedoria para tomar as decisões certas, para ter saúde pra te ver crescer, pra ficar sempre do lado do papai nessa jornada, pra dar a você irmãozinhos lindos, saudáveis e abençoados como você.

Meu amor, você é meu milagrinho, uma bênção que Deus preparou muito antes de eu saber que estava grávida. Ele escolheu a hora certa pra nos apresentar a você. Foi na sala de parto. Você chorava alto e a pediatra encostou sua bochecha na minha. Mal consegui falar de tanta emoção. No mesmo segundo você se calou. "Tão quentinho, tão fofinho. Abençoa, Jesus". Foi tudo que pude dizer naquela hora, à tardinha também, só que um ano atrás. ERam 16h15min.

Aí papai também pegou você, ficou passeando no berçário com você no colo, o olhinho inchado, apertado, só um risquinho. Nas horas que se seguiram algo muito intenso tomou conta de mim aos poucos. É o amor de que falo hoje. Não o mesmo, porque hoje ele é maior, mais forte, mais seguro. Mas é amor, sim. E é esse amor que quero passar pra você todos os dias, de manhã, de madrugada, qualquer hora, longe ou perto. É você o dono desse amor. E sóo Papai do Céu, eu, você e seu pai sabemos o quanto esse amor nos preenche e inunda.

Ainda preciso dizer que te amo?

Pois eu amo, viu?

Muito, meu bombonzinho. Meu milagre.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A reprodução assistida e o SUS

Essa relação é complicada. Na verdade, quase inexiste. Por isso muitas mulheres preferem sair da fila de espera por tratamentos e partir para empréstimos, Justiça. Triste, mas é assim. E não tiro a razão delas. Afinal, é uma luta contra o tempo. Quanto mais a fila se prolonga, mais distante fica o sonho de ser mãe.

Muitos médicos dizem que idade não é impeditivo. Como não? E nossos ovulinhos em número contado e idade certa para se transformarem em embriões? Isso é básico.

Mas além da escassa disponibilidade de tratamentos de reprodução assistida no serviço público faltam aspectos muito importantes: sensibilidade, garantia de direitos, respeito. Tenho certeza de que muita gente pensa que, por ser pobre, a mulher não tem direito de sonhar. Outros dizem que já tem menino demais no mundo, que as famílias que não fazem planejamento são responsáveis por vários males sociais. Mas o pior de tudo é dizer que, se não tem dinheiro, o jeito é se conformar.

Sim, é muito fácil dizer isso quando você tem um chorinho em casa pra quebrar o silêncio. Triste, mais triste de tudo, é o choro silencioso, aquele que não se manifesta por vergonha, por conta de uma tristeza que cala, que não tem tamanho.

O motivo do post? Um deles é esse: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=929828

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Fiat lux

- Cadê a luz, Isaac? A luz...

Bebê levanta o bracinho, olha pra cima e ensaia um "uff, uff".

Foi mamãe quem ensinou.